Sunday, October 17, 2010

Modelismo - Tyrrell 020 1/20 (37)


Olá a todos.

Hoje vou continuar a mostrar mais desenvolvimentos no detalhe de certos componentes deste modelo, é engraçado mas nesta fase as minhas construções sofrem sempre um abrandamento devido a este tipo de trabalhos.

Muitos modelistas conseguem fazer um modelo com uma velocidade incrível, outros são bastante lentos e demoram o tempo que for necessário, eu tenho duas velocidades, quando começo a fazer um modelo por norma sou muito lento e minucioso na preparação das peças, sou capaz de passar horas a lixar e a preparar qualquer componente que esteja mais defeituoso, depois, na fase da pintura acelero um pouco porque no fim de contas aquilo é sempre a andar, é pintar as peças, umas atrás das outras, quase sempre junto aquelas que serão da mesma cor e pinto tudo na mesma altura mas sempre com muito cuidado. Depois, já na fase de montagem e detalhe volto a abrandar e a trabalhar com muito cuidado para conseguir obter um bom resultado no final.


Este trabalho que vou mostrar hoje é um bom exemplo disso, demorou o seu tempo, deu muito trabalho e dores de cabeça mas no final acho que valeu bem a pena despender tanto tempo num simples detalhe que no final fará toda a diferença.

Estes Fórmula 1 da década de 80 e 90 tinham quase todos uma protecção contra o aquecimento do motor e principalmente dos escapes nas zonas adjacentes ao motor, eram por norma feitas de chapa de alumínio e ficavam colocadas no fundo do carro e em todas as zonas que tivessem contacto quase directo com as fontes de calor emanadas do motor, muitas dessas protecções tinham um padrão quadriculado ou de outro formato na própria chapa.


No caso deste kit, a Tamiya aconselhava a pintura de quase toda a zona traseira ou de quase todo o compartimento do motor de X-11 "Silver Leaf", achei logo que não ficaria com um ar muito real porque afinal a tinta prateada nunca conseguirá imitar na perfeição metal puro e assim decidi fazer algo diferente, algo que já tinha visto em muitos Sites e Fóruns desse Mundo, tentar imitar a própria protecção de uma forma bastante convincente.

Uma das hipóteses era a utilização de "Bare Metal Foil" prateado ou alumínio mate nesta zona mas depois de muito pesquisar descobri imagens onde se podia ver a chapa "real" no Tyrrell 020 original e descobri que estas possuíam um efeito quadriculado que já tinha visto em algo bem familiar, algo que me acompanha quase todos os dias: a prata de alguns maços de tabaco de algumas marcas.


Certas marcas de tabaco costumam proteger o conteúdo das suas caixas com papel prateado, na maior parte das vezes é liso mas noutros casos tem um padrão aos quadrados que imita na perfeição aquilo que procurava e melhor que tudo, já estava mesmo à escala, a partir de agora era só descobrir uma maneira de desenhar o perfil desejado e colar na fundo do carro de forma a que ficasse perfeito e alinhado com ou lado oposto.

Comecei por isso por colar duas pequenas tiras de fita de pintura para delimitar o começo da zona que iria receber estas protecções e também para conseguir fazer um alinhamento perfeito, a fita ficou por isso colada e completamente perpendicular ao eixo da peça, agora faltava desenhar um molde para aplicar por cima do papel prateado e a solução que encontrei foi bastante original: utilizei "post-its" amarelos.


Como este papel tem uma pequena tira com cola num dos topos achei que era o ideal para fixar junto da fita e assim conseguir desenhar as curvas e contra curvas do modelo sem deixar fugir o papel para cima ou para baixo, para os lados etc...

A partir daqui começou uma odisseia de tentativa e erro, desenhava um pouco de uma curva depois retirava e cortava esse pequeno excesso de papel, depois passava o desenho para outra folha e tornava a colar o desenho no fundo do carro e voltava a desenhar mais um pouco, esta operação repetiu-se por várias horas e muitas vezes tive que começar tudo de novo.


Quando finalmente acertei com as curvas foi a vez de fazer as zonas rectas, muita mais fáceis pois podia desenhar com uma régua e esquadro, só precisava de dar especial atenção para não tapar os dois pequenos ressaltos que vão servir para apoiar o motor, esta parte demorou muito pouco e finalmente tinha um molde de um dos lados terminado.

Depois, antes de começar a desenhar o segundo ocorreu-me que este modelo é completamente simétrico o que quer dizer que podia utilizar o molde já terminado para duplicar a chapa de protecção do outro lado do carro, só precisava de fazer uma coisa, virá-la ao contrario.


A partir de agora era só passar o desenho feito para o papel prata dos maços de tabaco (não digo a marca por motivos óbvios, digo só que a caixa é em cartão..), aqui a vantagem de ter desenhado num "post-it" veio de novo ao de cima pois a cola do mesmo voltaria a ser bastante útil para fixar o molde no papel e assim era só desenhar á volta do mesmo sem ter muitas preocupações. Depois, para o outro lado bastava colar o desenho original do lado oposto da prata e voltar a repetir o processo.

Quando terminei passei a fase seguinte, cortar de forma bem certa e tentando evitar a todo o custo estragar o desenho final ou arrancar parte da prata do papel que a suporta, para isso utilizei uma lamina nova no X-Acto, muito bem afiada e fazendo passagens muito leves e contínuas até estar tudo solto, demorou um pouco mas o resultado final compensou muito.


Nestas imagens de hoje podemos ver quase todo o processo, tentei de alguma forma conseguir mostrar aqui a maneira que arranjei para fazer os escudo de protecção térmica, só não mostro estes componentes já totalmente colados, só o começo desta operação.

Para os colar no lugar usei pequenas gotas de "Super-Cola 3", distribuídas por todo o papel e fui colando por fases, comecei por colar a parte mais larga e aí voltei a utilizar a fita que coloquei no inicio para servir de referência, quando a primeira parte ficou colada fui subindo aos poucos, sempre com a ajuda de pequenas gotas de cola até ter tudo terminado, custou mas está feito, o que acham??

São estes pequenos pormenores, muitos deles verdadeiras dores de cabeça que me fazem gostar do modelismo, tentar fazer sempre melhor, inventar novas técnicas ou aplicar outras já testadas, muitas pela primeira vez porque no final ficamos com um sensação de termos aprendido algo e termos também conseguido levar avante mais um desafio, afinal, se o modelismo fosse fácil e simples não era desafiante...


Um grande abraço.

Pedro Costa

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