Wednesday, March 9, 2011

Modelismo - Como Começar (2ª Parte)


Olá a todos.

Hoje vou apresentar a segunda parte deste artigo que se destina em toda a sua essência a mostrar aos jovens modelistas, aqueles que estão a dar os primeiros passos na montagem de modelos á escala e também a todos aqueles que já têm uma experiência considerável quais os utensílios indispensáveis para podermos transformar uma caixa de um kit num modelo construído e bem montado, que seja motivo de orgulho e que nos encha ao mesmo tempo de satisfação por vermos o nosso trabalho reconhecido.

Para quem não acompanhou a primeira parte deste artigo deixo aqui o link para poderem aceder ao mesmo e lerem aquilo que escrevi e onde coloquei as primeiras ferramentas que qualquer modelista deve possuir na sua bancada de trabalho, para tal basta clicarem aqui.

Vamos então ao que interessa:

Brocas:

Brocas de precisão.
Finalmente chegou o dia, abrimos a nossa caixa, cortamos as primeiras peças das árvores e começamos a limpá-las das irregularidades que existiam, para isso utilizamos a lixa, o X-Acto e em alguns casos também as limas de calado, na altura reparamos que algumas dessas peças traziam marcas ou sinais de terem furos fechados ou pouco abertos, uma consulta rápida ao manual de instruções revelou-nos que teríamos que abrir esses furos ou em alguns casos alargá-los para medidas especificas, é aí que entram as bocas de precisão.

Conjunto de brocas e porta-brocas.
Estas brocas costumam ser vendidas nas melhores lojas de modelismo e vêm por norma em "sets" de cinco a dez unidades, cada conjunto é constituído por brocas de várias medidas, das mais pequenas até à maiores, temos de tudo um pouco, por norma as medidas mais habituais que são disponibilizadas estão separadas por divisões de um quarto de milímetro, temos assim portanto brocas com 0,25mm, 0,5mm, 0,75mm, 1mm, 1,25mm, 1,5mm, e por aí fora, existem outras medidas alternativas mas estas são as mais comuns.

Depois de comprarmos as nossas brocas precisamos de algo onde as possamos colocar para fazermos os nossos furos, um berbequim é demasiado grande e não nos permite a precisão necessária, podemos sempre comprar uma "Dremel" mas devido ao seu preço elevado muitas vezes fica completamente fora de questão, a única solução é a compra de um porta-brocas, esta pequena ferramenta nada mais é do que um berbequim manual onde colocamos as brocas numa das extremidades a isso destinadas e efectuamos os nossos furos através da rotação manual do mesmo, é muito simples de utilizar, barato e os resultados finais só dependem da habilidade de cada um, tal como nos outros aparelhos...

Pinças:

Pinça

Quantas vezes, ao abrirmos uma caixa de um qualquer modelo não ficamos surpreendidos com a pequena dimensão de algumas das peças que o compõem? E o receio que na maior parte da vezes sentimos de perdermos uma peça minúscula ou até mesmo de partirmos alguma coisa mais pequena?

É para evitarmos todos esses casos e receios que devemos comprar também uma ou duas pinças, esta ferramenta serve na perfeição para aqueles trabalhos que exigem precisão e também um controlo muito apurado das nossas mãos, podem servir para várias funções, desde colocar as peças a colar nas suas devidas posições, na colocação de decalques e demais acessórios de detalhamento como sejam as cablagens ou até as peças fotogravadas, etc.

Jogo de pinças.
Existem em formatos variados e podem ser compradas nas lojas de modelismo, electrónica ou também nas casas especializadas em material médico, o oferta existente é bastante vasta bastando por isso procurarmos o modelo ou o kit que mais se adequa às nossas necessidades e mais importante que tudo, nossa a carteira, estudem bem a relação preço/qualidade, os materiais em que são fabricadas, etc.

Deixo aqui um pequeno conselho: prefiram sempre as pinças fabricadas em aço inox, são mais resistentes à corrosão e não perdem a sua força de mola com tanta facilidade como outras, comecem por comprar uma pinça básica, de formato completamente direito e depois, se sentirem necessidade de mais optem então por uma de pontas curvas, ambas servem na perfeição para todos os trabalhos que serão por nós executados no futuro.

Colas:


Cola Revell com aplicador de agulha.
Agora vamos entrar no campo da prática, vamos começar a colar peças, esta operação de colagem pode ser dividida em várias fases, algumas vezes necessitamos de colar algumas peças do modelo que serão pintadas da mesma cor antes de se fazer a pintura enquanto que na maioria das vezes a operação de colagem só é efectuada já na parte final da montagem do kit, quando todas as peças já estão pintadas, secas e detalhadas.

É aqui que entram os vários tipos de cola para modelismo, ao contrário daquilo que se pensa, as colas para modelismo não podem ser de um tipo qualquer, são bastante especificas e serem para vários propósitos e tipos de aplicação consoante o tipo de colagem que queiramos efectuar.

Cola liquida Tamiya.
Para as colagens mais básicas, aquelas que são feitas de uma forma bastante normal e que se destinam no fim de contas a juntar duas ou mais peças que por norma não terão implicação na rigidez final do conjunto devemos utilizar as colas de modelismo, estas colas são vendidas em todas as lojas de modelismo e cada fabricante tem o seu próprio tipo, à semelhança de outras marcas, a Revell costuma apresentar-nos um pequeno recipiente em plástico que têm a vantagem de possuir um aplicador em forma de agulha furada para melhor controlarmos as dosagens necessárias que devem sempre ser mínimas.

Por outro lado, outros fabricantes como a Tamiya optam por frascos em vidro e também por um pequeno pincel localizado na tampa para fazermos a aplicação da cola, ambos os tipos são bastante válidos e funcionam da mesma forma: estas colas "atacam" o plástico derretendo-o e fazem quase uma soldadura na zona de colagem, depois de seco é praticamente impossível separar as peças pelas faces de colagem originais sem partirmos alguma coisa ou danificarmos de forma irremediável o nosso modelo, por outro lado estas colas se utilizadas em grandes quantidades vão derreter de tal forma os plásticos que as peças ficarão deformadas e inutilizadas ara sempre, por isso já sabem, usem sempre o mínimo de cola possível, não abusem ou podem arruinar uma bela montagem.

Super Cola ou Cianocrilato
Para aquelas colagens que já vão exigir um pouco mais de força estrutural no modelo ou que farão parte de conjuntos de suporte tais como as suspensões ou a colagem de componentes mecânicos de esforço como o motor ou monocoques temos que utilizar outro tipo de cola, uma cola forte que mantenha as peças no lugar durante muitos e muitos anos, é aí que entra o Cianocrilato, mais conhecido entre nós por Super Cola ou Super Bonder no Brasil.

Esta cola é bastante forte e seca muito rapidamente por isso é conveniente fazermos um estudo prévio das peças a colar, das zonas onde iremos aplicar a cola e também das quantidades a utilizar, deve ser utilizada com muita moderação e cuidado pois a mesma têm a horrível tendência de ficar colada a tudo, desde dedos a qualquer outro objecto que encontre no caminho, a melhor forma de fazer a aplicação desta cola é deitar um pouco da mesma numa superfície plana como por exemplo um CD inutilizado e fazer a sua aplicação nas peças por intermédio de um alfinete ou com um palito de madeira, desta forma evitamos o contacto da nossa pele com a mesma e não corremos tantos riscos de ficarmos com as peças coladas nas mãos ou nos dedos o que acarretaria uma deslocação ao hospital para remover a cola com segurança, por deixo desde já o aviso, muito, mas mesmo muito cuidado com o cianocrilato.

Cola branca para madeira
 Finalmente, na maioria dos nossos kits de veiculos automóveis existem quase sempre peças fabricadas em plástico transparente, podem ser vidros de carros pequenos ecrãs dos Fórmula 1 ou das motos, faróis variados, etc.

Para a colagem destes componentes que simulam vidro não podemos de forma nenhuma utilizar os dois tipos de cola acima descritos sob pena de danificarmos estas peças bastante sensíveis, a cola dita "normal" para modelismo poderia derreter as peças, deformando-as o que levaria a ficarmos com os vidros dos nossos modelos bastante empenados e irreais, por outro lado a "Super Cola" tem a horrível tendência de formar uma espécie de "fumo" que se cola nas peças, sujando-as de tal forma que depois é quase impossível remover este efeito.

Nesses casos a melhor escolha é a utilização da vulgar cola branca para madeira, esta cola, vendida em qualquer loja de bricolage é sem dúvida a mais indicada quando procuramos colar as transparências dos nossos modelos, as suas principais vantagens residem no facto de serem constuituidas basicamente por água e não deixarem marcas nas peças depois de secarem pois ficam completamente transparentes e invisíveis, são também muito baratas e se por acaso a cola começar a secar dentro do recipiente basta juntar um pouco de água para a mesma voltar a "reviver", simples e barato.

Como contra tem unicamente a sua pouca força de colagem não devendo por isso ser utilizada em colagens que exijam um pouco de força e resistência.


Por hoje é tudo, em breve voltarei com a terceira parte deste tutorial sobre as ferramentas necessárias ao modelismo, espero que estejam a gostar daquilo que foi escrito até agora, para mim é um prazer escrever para todos, ensinar aquilo que sei e aprendi ao longo dos anos pois no meu caso também houve alguém que me explicou tudo, que fez de mim um modelista de corpo e alma.

Terceira e última parte do artigo aqui.


Um grande abraço.

Pedro Costa

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